terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Pirataria, SOPA e Paulo Coelho


Algumas pessoas podem não saber que eu sou gamer. Jogar videogame é uma parte integrante da minha vida já há bastante tempo. Ainda me lembro de ver meu pai jogar River Raid no Atari. Cresci em volta disso e mesmo com um curto período de afastamento durante a adolescência, ainda assim eu penso que eu sempre fui gamer.
Quando nós estamos crescendo, nós não nos importamos se o jogo que nós compramos é pirata, ou não. Tudo que nós queremos é aquela injeção de diversão.  É aquela coisa, comprar jogo original não dava. Além de ser muito difícil de encontrar (naqueles tempos), os jogos eram caros demais para uma mesada mirrada. Pai e mãe não entendiam a nossa necessidade de “jogo na veia”, se fosse para esperar aniversários e natais, nós morreríamos de tédio. O jogo comprado no camelô, então, era a única alternativa da criança (que também tinha pais que não entendiam por que um jogo deveria custar tanto).
A alegria de ser um gamer adulto é que você tem dinheiro para comprar os próprios jogos. Você continua achando os jogos caros (alguns não precisavam ser). Incrivelmente, cheguei ao ponto em que jogo pirata não entra em casa. Não que no começo dessa postura tenha sido a “questão da integridade”. No começo, era apenas: “uau! Como é legal o original! Tem a caixinha! Tem os encartes! Massa!”
Assassin’s Creed Revelations foi o que mudou tudo. Estava vendo o final do jogo e parei para ler os nomes dos envolvidos. Percebi que não pagar pelo original não é ferrar com os grandões, é ferrar com aquelas centenas de pessoas que são empregadas pela indústria dos games. Os grandões não estão nem aí para você, mas aquele cara que é assistente de sei-lá-o-que precisa desse emprego. Quando uma empresa de videogame vai à falência, não é o grandão da indústria que vai sofrer, é aquele cara que ficou sem o emprego. Em respeito ao trabalho desse cara, que eu não quero que perca o emprego, mas que continue trabalhando para fazer jogos maravilhosos para mim (sim, porque eu sou egoísta) é que eu não vou comprar pirata nunca mais.
Agora vem o SOPA querendo acabar com a internet. Essa é a real verdade. Não vai ter site que não seja afetado por essa palhaçada. Mas o problema não é regular e tentar preservar o patrimônio intelectual. O problema é colocar o poder de fechar um site nas mãos de empresas, sem julgamento prévio e sem direito de resposta do provedor em questão. Youtube, prepare-se, vai deixar de existir. Este blog também poderia sofrer sansões iguais. Eu não vou esmiuçar o SOPA, porque quem se interessou já cansou de ouvir.
O fato é que SOPA existe por causa da pirataria. Pirataria seria bem menor se as grandes empresas diminuíssem a margem de lucro, buscassem criar serviços alternativos de qualidade para distribuir seus produtos e, claro, a conscientização que não seja a propagandinha tosca do “não compre DVD pirata”. Esse negócio de serviços funciona mesmo. Tomo minha casa por exemplo (sempre), viciamos em Netflix. Para mim não tem coisa melhor. Tudo bem, os filmes não são tão novos, mas a delícia de poder escolher o que você vai assistir e não precisar baixar... ah, isso não tem preço (plagiando a propaganda).
E o que é que o Paulo Coelho tem a ver com tudo isso, que eu coloquei o nome dele no título do Post?

 Paulo Coelho resolveu virar pirata (risos). Está disponibilizando a sua obra no Piratebay.org como protesto contra o SOPA. Está escolhendo ser pirateado. Diz que se a pessoa gostar, ela vai comprar o livro. Ponto para ele. Mais gente de calibre deveria fazer protestos semelhantes. Não digo vamos liberar tudo (lembra do começo do post? Eu sou contra a pirataria). O que os detentores de direitos autorais/intelectuais/de imagem (e aí por diante) precisam é buscar novas maneiras de veicular seus conteúdos. Quando bem usada, a capacidade da internet de espalhar e tornar notórios os anônimos é um fenômeno incrível.

Quanto à SOPA, a única que me desce é a de creme de champignon. 

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