Algumas pessoas podem não saber que eu sou gamer. Jogar
videogame é uma parte integrante da minha vida já há bastante tempo. Ainda me
lembro de ver meu pai jogar River Raid no Atari. Cresci em volta disso e mesmo
com um curto período de afastamento durante a adolescência, ainda assim eu
penso que eu sempre fui gamer.
Quando nós estamos crescendo, nós não nos importamos se o
jogo que nós compramos é pirata, ou não. Tudo que nós queremos é aquela injeção
de diversão. É aquela coisa,
comprar jogo original não dava. Além de ser muito difícil de encontrar
(naqueles tempos), os jogos eram caros demais para uma mesada mirrada. Pai e
mãe não entendiam a nossa necessidade de “jogo na veia”, se fosse para esperar
aniversários e natais, nós morreríamos de tédio. O jogo comprado no camelô,
então, era a única alternativa da criança (que também tinha pais que não
entendiam por que um jogo deveria custar tanto).
A alegria de ser um gamer adulto é que você tem dinheiro
para comprar os próprios jogos. Você continua achando os jogos caros (alguns
não precisavam ser). Incrivelmente, cheguei ao ponto em que jogo pirata não
entra em casa. Não que no começo dessa postura tenha sido a “questão da
integridade”. No começo, era apenas: “uau! Como é legal o original! Tem a
caixinha! Tem os encartes! Massa!”
Assassin’s Creed Revelations foi o que mudou tudo. Estava
vendo o final do jogo e parei para ler os nomes dos envolvidos. Percebi que não
pagar pelo original não é ferrar com os grandões, é ferrar com aquelas centenas
de pessoas que são empregadas pela indústria dos games. Os grandões não estão
nem aí para você, mas aquele cara que é assistente de sei-lá-o-que precisa
desse emprego. Quando uma empresa de videogame vai à falência, não é o grandão
da indústria que vai sofrer, é aquele cara que ficou sem o emprego. Em respeito
ao trabalho desse cara, que eu não quero que perca o emprego, mas que continue
trabalhando para fazer jogos maravilhosos para mim (sim, porque eu sou egoísta)
é que eu não vou comprar pirata nunca mais.
Agora vem o SOPA querendo acabar com a internet. Essa é a
real verdade. Não vai ter site que não seja afetado por essa palhaçada. Mas o
problema não é regular e tentar preservar o patrimônio intelectual. O problema
é colocar o poder de fechar um site nas mãos de empresas, sem julgamento prévio
e sem direito de resposta do provedor em questão. Youtube, prepare-se, vai
deixar de existir. Este blog também poderia sofrer sansões iguais. Eu não vou
esmiuçar o SOPA, porque quem se interessou já cansou de ouvir.
O fato é que SOPA existe por causa da pirataria. Pirataria
seria bem menor se as grandes empresas diminuíssem a margem de lucro, buscassem
criar serviços alternativos de qualidade para distribuir seus produtos e,
claro, a conscientização que não seja a propagandinha tosca do “não compre DVD
pirata”. Esse negócio de serviços funciona mesmo. Tomo minha casa por exemplo
(sempre), viciamos em Netflix. Para mim não tem coisa melhor. Tudo bem, os
filmes não são tão novos, mas a delícia de poder escolher o que você vai
assistir e não precisar baixar... ah, isso não tem preço (plagiando a
propaganda).
E o que é que o Paulo Coelho tem a ver com tudo isso, que eu
coloquei o nome dele no título do Post?
Paulo Coelho resolveu virar pirata (risos). Está disponibilizando a sua obra no Piratebay.org como protesto contra o SOPA. Está escolhendo ser pirateado. Diz que se a pessoa gostar, ela vai comprar o livro. Ponto para ele. Mais gente de calibre deveria fazer protestos semelhantes. Não digo vamos liberar tudo (lembra do começo do post? Eu sou contra a pirataria). O que os detentores de direitos autorais/intelectuais/de imagem (e aí por diante) precisam é buscar novas maneiras de veicular seus conteúdos. Quando bem usada, a capacidade da internet de espalhar e tornar notórios os anônimos é um fenômeno incrível.
Paulo Coelho resolveu virar pirata (risos). Está disponibilizando a sua obra no Piratebay.org como protesto contra o SOPA. Está escolhendo ser pirateado. Diz que se a pessoa gostar, ela vai comprar o livro. Ponto para ele. Mais gente de calibre deveria fazer protestos semelhantes. Não digo vamos liberar tudo (lembra do começo do post? Eu sou contra a pirataria). O que os detentores de direitos autorais/intelectuais/de imagem (e aí por diante) precisam é buscar novas maneiras de veicular seus conteúdos. Quando bem usada, a capacidade da internet de espalhar e tornar notórios os anônimos é um fenômeno incrível.
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